Crítica: Bem-vindo à selva.

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Bons tempos aqueles em que podíamos ver no cinema ou na televisão o astro das artes marciais Jean-Claude Van Damme mandando voadoras e socos nos oponentes em seus filmes. O ator belga se especializou em produções recheadas de combates e grandes cenas de violência, tornando-se um dos ícones dos filmes de ação no final dos anos 80 até meados da década seguinte.

Mas como a maioria desses astros, o tempo e as circunstâncias da vida deixaram esses momentos no passado, ainda que suas carreiras continuassem, entre altos e baixos, mais baixos, diga-se de passagem.

Hoje Van Damme atua em produções menores, de diretores desconhecidos, aproveitando do nome e popularidade alcançados ao longo da carreira e tentando na medida do possível, manter o carisma e a aceitação por parte dos fãs. Em tempos de novos astros de ação como Jason Statham e Tony Jaa, e alguns “retornos retumbantes” de brucutus do passado, heróis das telas como Van Damme tentam se manter na ativa.

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Talvez por falta de roteiros como os do passado ou tentativas pessoais de se enveredar por gêneros e estilos diferentes, Van Damme participa de “Bem-vindo à selva” (não confundir com o filme estrelado por Dwayne “The Rock” Johnson), de Rob Meltzer, ao lado de Adam Brody (The O.C.) e Megan Boone, que atualmente está na série “The Blacklist”.

É importante frisar que o astro de ação participa e não estrela o filme, já que não está em toda a produção, sendo mais um coadjuvante de luxo. Ao invés de “dar porrada”, ele está mais canastrão do que nunca, mantendo as caras e bocas de sempre, e participando de momentos cômicos junto ao restante do elenco.

Ele vive um instrutor militar chamado Storm Rothchild, totalmente desprovido de sanidade que é contratado pelo chefe de uma empresa, vivido pelo ator Dennis Haysberth, da série “24 Horas”, que decide mandar seus funcionários a uma excursão pelas selvas de uma ilha deserta num programa de treinamento e trabalho em equipe.

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Entre eles está o personagem de Brody, um jovem talentoso e promissor, mas inseguro, que está apaixonado pela colega vivida por Boone e sofre “bully” de um executivo, que inclusive, chega a roubar suas melhores ideias.

A partir de um acidente na ilha, todos são obrigados a trabalharem juntos para tentarem sobreviver e se salvarem, mas a disputa entre o personagem de Brody e seu rival, acaba por se disseminar entre todos os demais. Cabe ao protagonista enfrentar as dificuldades da ilha, ajudar seus colegas, vencer o rival, ficar com a garota e ainda por cima, encarar o maluco instrutor.

Tudo isso é permeado por uma série de piadas, a maioria delas, envolvendo situações sexuais, como, aliás, acontece na maioria das comédias de hoje em dia. O galã adolescente tem que assumir o comando do filme, já que Van Damme não está o tempo todo para salvar o dia. Na verdade, o eterno “Grande Dragão Branco” passa a maior parte do filme se recuperando do ataque de um tigre (uma das cenas mais patéticas do filme) e só mostra mesmo a que veio no final, quando desfere um golpe num dos personagens. Não são mais os mesmos tempos.

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O filme é bobo, mas se propõe a ser isso mesmo, o que o torna divertido. Não é a melhor comédia do ano, mas cumpre bem o seu papel de ser uma sátira de Jean-Claude Van Damme ao que ele vem sendo desde a primeira cena da qual fez parte. O astro está se divertindo, ou talvez pagando as contas, mas no final das contas, vale a brincadeira.

Nota: 3 de 5.

6 comentários sobre “Crítica: Bem-vindo à selva.

  1. Realmente nao é dos melhores , mas sempre vejo graca nessas cenas “toscas” como a do tigre , prefiro ver este filme a muitos que saem hoje em dia

    • Com certeza Vítor. Tem filmes que são ruins de propósito, mas ainda assim, divertem. Pior são aqueles que são ruins e nos deixam com raiva ou decepcionados. Obrigado pelo comentário e continue participando.

  2. Olá, como pesquisador autodidata da sexualidade humana, achei interessante (e um ponto de atenção quase imperceptível no filme, ainda que de estilo aparentemente solto “American Pie”) o comentário feito por um dos guardas, sua posição e o detalhe que a câmera captou nele, durante a luta dos dois líderes, um dos quais era o Chris. Gostaria de assistir o making of para saber qual a mensagem pensada pelo ator.

  3. Faltou informar que a filha do Van Damme (Bianca Bree) faz parte do elenco. Talvez seja este uma das condições para ele ter topado participar desse filme.

  4. Apesar de ser um filme tosco, tem uma mensagem consistente, a de que é necessário se impor para agir na sociedade. A única cena completamente séria do filme me tocou imensamente, quando eles tão na fogueira e o Phill droga todos e tira a autoridade do Chris. Dá pra sentir o medo dele quando o Phill fala “você vai me enfrentar? Você nunca fez isso antes.”. E esse filme tem um ótimo senso de foreshadowing. O fato do protagonista ser escoteiro é revelado inicialmente como piada, só pra ter relevância depois. E tem uma hora que o amigo ruivo dele (esqueci o nome) tá fumando erva e diz “isso tudo é muito melhor chapado” referência ao clímax do filme. Por fim, acho que foi uma ótima escolha da Globo para o atual momento político que passamos. Pensem um pouco nisso…

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